Ruta 25 de Tecka Para Puerto Madryn

Muitos viajantes dizem que a estrada é mágica, mas poucos conseguem definir o que isso quer dizer quando se pensa na realidade que pode ser expressa por meio termo. Eu[...]

Muitos viajantes dizem que a estrada é mágica, mas poucos conseguem definir o que isso quer dizer quando se pensa na realidade que pode ser expressa por meio termo. Eu mesmo já disse isso inúmeras vezes, mas nunca parei pra pensar os significados implícitos numa frase tão simples e ao mesmo tempo tão cheia de significados.

Penso que as estrada é como a vida: Cheia de altos e baixos, curvas e retas, obstáculos dos diversos tipos e fronteiras que devem ser respeitadas, portanto, para nós que arriscamos viver nela, a lei é respeitar todas as suas variações levando em conta fenômenos naturais ou não que tornam o caminho uma surpresa constante. A vida, como bem se sabe, não é nada diferente disso; a não ser que por alguma razão você que está lendo este artigo esteja separado do restante das pessoas comuns por algum tipo de privilégio. Mas a verdade é que o que se vê impresso no semblante da maioria das pessoas que vivem a vida comum no cotidiano é a imposição de uma mega estrutura que funciona como uma máquina de moer gente e que exponencialmente aumenta sua força e seu poder de destruição.

Nós, como família, há muito tempo, temos buscado fugir dessas armadilhas que a nós são impostas e buscamos nos afastar, ao menos um pouco, de toda essa pressão, de todo esse enfado. Sobretudo nesse período que estamos vivendo fora de nossa vida convencional.

A estrada não é uma divindade ou algo sobrenatural, mas decerto nos proporciona o inexplicável. Imagina conviver com pessoas que você nunca viu e de repente está reunido com essas pessoas numa mesa e comendo um assado como se os conhecesse há anos. É esse tipo de coisa incomum que acontece com qualquer um que se propõe a pegar a estrada e se abrir para conhecer o mundo como e como ele pode vir a ser. Isso aconteceu durante nossa viagem para Puerto Madryn. 

Saímos de Esquel às 06:30h da manhã e fomos para Purto Madryn pela Ruta 25, mas antes passamos por um pedaço da famosa Ruta 40.

Foi uma viagem linda com paisagens de tirar o fôlego, digo isso literalmente, pois até esse momento espeífico de nossa viagem não tínhamos visto a neve cair do céu, mas de pois de um pouco mais de duas horas dirigindo a paisagem foi ficando lentamente branca até alguns floquinhos começarem a tocar o parabrisa da nossa casinha sobre rodas como se fosse magia. Era a natureza nos mostrando tudo o que nunca imaginamos, nos brindando com sua exuberância; esse fenômeno mostra algumas das surpresas que vamos encontrando pelo caminho e que pode causar emoção ao humano mais frio, que pode nos fazer atribuir sobrenaturalidade a algo tão natural quanto belo. 

Ficamos com certo receio da neve na estrada, mas diminuímos a velocidade e fomos curtindo aquele cenário e o frio que aquele fenômeno nos reservara. As crianças dormiram durante boa parte do trajeto, pois ainda era bem cedo, mas Tamiris e eu parecíamos estar sonhando acordado e ficávamos perdidos entre a atenção na estrada, as filmagens e a admiração de tudo que acontecia durante aquele pequeno momento de êxtase.

Assim como a paisagem ficou toda branca, tão logo ela foi voltando ao seu marrom patagônico e aos pouco não se via mais neve. Mas digo com certeza que esse momento ficou marcado em nossos corações, pois foi algo inesperado e que nos impactou de uma maneira singular que mesmo tentando explicar não saberia com exatidão como fazer.

A Ruta 25 atravessa toda a Patagônia da província de Chubut. Das montanhas de Esquel que estão próximas a Cordilheira dos Andes até as praias formadas pelas águas do Oceano Atlântico. Começando na cidade de Tecka e passando por Passo de Indios, Los Altares, Las Plumas, Gaiman, Trelew até terminar em Rawson. Essa rodovia tem trechos bem desertos, mas com paisagens que ainda não tínhamos visto, como Los Altares, formados por falésias naturais que beiram o Rio Chubut. É possível ver com detalhes os desenhos esculpidos pela força das águas e dos ventos e que hoje formam esse cenário natural único e que impressiona a todos à beira da rodovia.

Quase na metade da viagem as crianças acordaram e nós fizemos uma parada para um lanche. Cada para na estrada nos permite compreender um pouco de como as coisas funcionam naquela região em que paramos. Dessa vez fizemos nossa parada em Los Altares, um pequeno vilarejo no meio do deserto e que acreditamos não ter mais de 500 habitantes. Ali não vimos nenhum morador local, mas percebemos a importância da Ruta 25 como elo de ligação leste oeste da pagônia, sobretudo para a província de Chubut. Ficamos alguns minutos em frente ao Posto e notamos a importância dequele posto para quem está viajanto por alí, afinal se trata de uma rodovia no meio de um deserto.

Continuamos a viagem contemplando tudo o que podíamos até finalmente tocarmos a tão famosa Ruta 3 em Trelew e, por fim chegar em Puerto Madryn.

Depois de ficarmos imersos na ruta 25 e passar por essas paisagens incríveis, não temos dúvida que as estrada é verdadeiramente mágica, mas uma mágia sem truques ou segredos. E uma magia que se desenrola debaixo de nossos olhos de maneira natural, que nos surpreende em cada ato da natureza ou gentileza e acolhimento das pessoas que encontramos pela estrada a fora. Não quero dizer com isso que o fato de estar na estrada nos poupará de situações que nos farão, talvez, ter uma outra noção sobre tudo o que vimos até agora, mas, mesmo tendo passano por un bons bocados – como dizem por aí – ainda acredimos que a estrada viver na estrada é tão mágico como algo sobrenatural.

Em Puerto Madryn como é de rotina fomos procurar um lugar pra estacionar a Van e dormir tranquilos. Logo de cara encontramos um estacionamento privado em que é utilizado para estacionar transportes coletivos que trabalham para os Cruzeiros que atracam na cidade. Vimos pelo iOverlander que era possível estacionar ali então fomos perguntar para alguns viajantes que estavam ali para confirmar, como é de prasti. As crianças já estavam agitadas para sair e conhecer o lugar, assim que confirmamos nossa estadia paramos a nossa casa sobre rodas e logo nos acomodamos para descansar da nossa longa viajem – como se isso fosse possível com duas crianças.

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